Inteligência artificial é tema de palestra do MEC em fórum na China
epresentando o ministro de Estado da Educação, Camilo Santana, a presidente da CAPES/MEC, Denise Pires de Carvalho, participou nesta sexta-feira (14) do fórum da China com Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), em Pequim. Em seu discurso, a dirigente abordou a educação superior e a inteligência artificial e destacou que o tema exigirá, de governos e professores, uma atualização constante e ações eficazes para formar estudantes para os desafios da era digital.
“O mundo tem passado por transformações tecnológicas cada vez mais aceleradas, o que exige profundas adaptações comportamentais, mas também a reflexão sobre os possíveis efeitos deletérios para a espécie humana”, ressaltou. Denise argumentou que o apoio para realizar diversas tarefas pode auxiliar no aumento da produtividade e na melhoria dos processos de aprendizagem, mas o uso indiscriminado da inteligência artificial deve ser regulamentado, com base em aspectos éticos e de integridade na produção intelectual.
Em sua fala, a presidente da CAPES reforçou que os processos pedagógicos de ensino-aprendizagem têm sofrido mudanças estruturais com a introdução de novas metodologias e a necessidade de acelerado letramento digital dos professores. “O advento das facilidades tecnológicas promoverá maior dificuldade de identificação de características profissionais diferenciadas; porém, os melhores profissionais no futuro serão aqueles capazes de formular as melhores perguntas. As respostas poderão ser encontradas pelas facilidades tecnológicas da modernidade, mas a formulação de perguntas adequadas ainda é uma característica humana insubstituível”, enfatizou.
Língua Chinesa
O Fórum China/Celac faz parte da Conferência Mundial de Língua Chinesa. Na abertura deste evento, também nesta sexta-feira, Denise Pires de Carvalho abordou o tema “Liderança em Inovação, Empoderamento Digital: Tornando a Língua Chinesa Acessível”. Ela disse que o Brasil valoriza a longa cooperação com a China e, nos últimos anos, tem feito progressos importantes no avanço das iniciativas de cooperação educacional.
Denise informou que, atualmente, há 15 Institutos Confúcio no Brasil e que 50 instituições de ensino superior da China ofertam cursos de português para mais de 5 mil estudantes. Neste ano, cerca de 20 mil alunos brasileiros estão matriculados em cursos de língua chinesa. No ano passado, Brasil e China assinaram o Memorando de Entendimento sobre Mobilidade Acadêmica na Área de Ensino e Aprendizagem de Português como Língua Estrangeira, que prevê uma série de ações de cooperação.
A presidente lembrou que, por meio do Programa Brasileiro de Intercâmbio de Estudantes, o governo brasileiro oferece vagas gratuitas para estudantes estrangeiros que desejam estudar a língua portuguesa ou cursar graduação e pós-graduação em diversas universidades renomadas do país, em diferentes áreas do conhecimento.
“No Brasil, todas as instituições de ensino, em particular as universidades de pesquisa e os institutos de formação profissional e tecnológica, são fundamentais para uma maior cooperação entre o Brasil e a China”, salientou. Ela comentou que é necessário discutir mais sobre a formação de professores, a mitigação das mudanças climáticas, a economia sustentável e as fontes de energia renováveis.
Atualmente, a cooperação Brasil-China abrange cerca de 26 universidades brasileiras, 75 instituições chinesas e mais de 80 convênios. Na conferência, também participam representantes do Azerbaijão, da Geórgia, de Gana, de Papua Nova Guiné, das Ilhas Salomão e da Hungria.
Visitas e parcerias
Nesta sexta-feira, a presidente também se reuniu com o vice-ministro da Educação, Ren Youqun. No domingo (16), a missão brasileira irá conhecer o Centro de Educação e Cooperação Linguística (CLEC). A instituição tem interesse em debater a formação conjunta de professores da chinês para atuação no Brasil. Também visitará a Fundação Internacional de Educação da China (CIEF), que coordena os Institutos Confúcio pelo mundo.

- Imagem: Fórum da China com Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), em Pequim (Divulgação)
A dirigente da agência federal ainda visitou na quinta-feira (13) a Chinese Academy of Sciences (CAS), onde foi recebida pelo diretor-geral Liu Weidong, e a Beihang University (de Aeronáutica e Astronáutica), com o presidente Zhao Changlu, para discutir possíveis parcerias. Na Beihang, a reitora da Unesp, Maysa Furlan, e o diretor do Instituto Confúcio da UnB, Enrique Huelva, assinaram memorando de entendimento.
O objetivo dos encontros, que se encerram no dia 18 e incluem reuniões na Embaixada do Brasil na China, é debater possíveis cooperações na pós-graduação e formação de professores. Pelo Ministério da Educação, também participam da delegação, a coordenadora-geral de Colegiados na CAPES/MEC, Jaqueline Schultz, e o coordenador de Relações Bilaterais do MEC, Vinicius Scofield.
De acordo com dados do MEC, 22 universidades federais têm acordo de cooperação com a China. Em junho de 2025, a CAPES/MEC sediou o “Fórum de Reitores – Brasil China”, com a participação de reitores de universidades chinesas e brasileiras. O evento reuniu 180 representantes de instituições de ensino superior e governos de ambos os países em Brasília e teve a presença do vice-ministro da Educação, WANG Jiayi.
O Brasil considera a cooperação acadêmico-científica com a China de extrema importância para o avanço do conhecimento e inovação em diversas áreas. O país asiático, como segunda maior economia global e líder em pesquisa científica e tecnológica, pode oferecer acesso a tecnologias aplicadas a desafios locais e regionais. Ao mesmo tempo, os brasileiros contribuem com sua expertise em áreas como agricultura, biodiversidade, energias renováveis e ciências sociais.
Fonte: CAPES