Ao contrário dos pais, crianças e adolescentes têm altos índices de habilidades digitais
Nada como uma geração depois da outra. A pesquisa TIC Kids Online 2022, divulgada nesta quarta, 3/5, mostra um cenário alentador em um país onde uma das maiores preocupações com o futuro do trabalho é o baixo índice de habilidades digitais. Ao mesmo tempo em que estudos apontam para até 800 mil vagas disponíveis no mercado de tecnologia por falta de qualificação, há sinais de um futuro mais promissor logo adiante.
Não chega a ser uma surpresa. Afinal, é o próprio Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação, Cetic.br, já constatou que “quanto maiores são as oportunidades de uso de tecnologias, maiores as oportunidades para o desenvolvimento de habilidades digitais” e que “no decorrer do desenvolvimento das crianças e adolescentes, eles vão realizando mais intensamente determinadas atividades, que se tornam mais diversificadas”, como já apontara a coordenadora da TIC Educação, Daniela Costa.
Mas os números da nova versão da TIC Kids Online reforçam essa compreensão. A pesquisa relativa a 2021 já mostrara crescimento em habilidades como saber quanto gastou em um app, capacidade de postar vídeos, ou verificar se uma informação está correta. A pesquisa sobre 2022 mudou um pouco a metodologia, mas mostra uma gama ainda maior de habilidades, que vão desde a capacidade de entender se um site é confiável até o conhecimento de linguagens de programação.
São dados relevantes diante da preocupação com o baixo nível de habilidades digitais na população em geral. Como discutido uma semana antes em um seminário sobre Conectividade Significativa, promovido pela Anatel e pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento, o Brasil não só figura mal na comparação mundial como faz feio entre os pares latino-americanos.
Dados de uma pesquisa do BID, a partir das metas da União Internacional de Telecomunicações para 2030, mostram que 64% da população dos países mais ricos (OCDE) possui habilidades básicas, percentual que não passa de 28% na América Latina e de apenas 24% no Brasil. No caso de habilidades intermediárias, o índice é de 40% para a OCDE, 21% na América Latina e míseros 11% entre os brasileiros. Por mais que se tratem de pesquisas diferentes, o levantamento na TIC Kids Online sugere que a grande barreira digital no Brasil se concentra nos adultos.
Fonte: Convergência Digital