Ceará aposta em incentivos e quer espalhar data centers pelo interior
O governo do Ceará aposta em incentivos estaduais e federais para atrair mais data centers ao seu território, sobretudo visando à instalação de sites nas áreas interioranas.
A expectativa é aumentar ainda mais a capacidade local e, com isso, atender outras regiões do País, especialmente o Norte e o Centro-Oeste.
A estratégia foi apontado por Hugo Figueirêdo, presidente da Empresa de Tecnologia da Informação do Ceará (Etice), nesta sexta-feira, 28, durante o segundo dia do Abrint Nordeste 2025, organizado pela Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint), em Fortaleza.
A organização fatura em torno de R$ 500 milhões por ano e administra o chamado “cinturão digital” do Ceará, uma rede de quase 6 mil km de backbone que conecta mais de 130 municípios. Com parcerias no setor privado, alcança todas as cidades cearenses.
Figueirêdo comentou que o estado, que serve de ponto de ancoragem para 16 cabos submarinos, quer levar investimentos em infraestrutura de conectividade e data centers para o interior.
Para isso, conta com os incentivos federais para Zonas de Processamento de Exportação (ZPEs), como a localizada em Pecém, e de redução de impostos, sobretudo para importação, de equipamentos de centros de dados, por meio do Regime Especial de Tributação para Serviços de Data Center (Redata).
Além disso, o estado tem um programa em que reduz em até 80% o ICMS aplicado sobre serviços de data center.
“É um pacto completo para atração de investimento para o nosso hub de TI e conectividade”, afirmou. “Se conseguirmos descentralizar, colocar [sites] em outros pontos do estado através do cinturão digital, a partir daí serviremos o Nordeste como um todo e chegaremos a mercados como o Norte e o Centro-Oeste“, complementou.
Figueirêdo ainda disse que “a Etice está aberta a discussão com o setor privado para acelerar o negócio de data centers”. Os eventuais complexos instalados no interior devem variar em termos de capacidade e especificidade, prevendo centros de dados de borda e especializados em processamento.
Capacidade local
Antônio Moreiras, gerente de Projetos de Desenvolvimento do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), apresentou dados sobre o ponto de troca de tráfego de Fortaleza (IX.br Fortaleza).
O centro é composto por 13 data centers interconectados, com 6 Tbps de pico de tráfego, e se coloca como o segundo maior IX do País (somente atrás do de São Paulo) e um dos dez maiores do mundo.
De acordo com Moreiras, falta pouco, inclusive, para o IX.br Fortaleza superar o paulista. Em sua avaliação, em função da ancoragem de cabos submarinos e do menor atraso em relação ao tráfego vindo dos Estados Unidos e da Europa, é possível que, no futuro, venha até mesmo a superar o ponto de troca de tráfego de São Paulo.
“São Paulo ainda é a porta de entrada para o Brasil. Se a empresa tem como fazer investimento em apenas um lugar, por enquanto ainda é lá. Mas, se pode fazer em dois lugares, é lá e aqui. Se for em três, pode ser Porto Alegre ou Brasília”, indicou Moreiras.
Já o gerente regional da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Gilberto Studart, salientou que “o Nordeste é um polo estratégico de conectividade”, deixando de ser apenas um ponto de passagem de dados.
O regulador ainda ressaltou que a agência tem interesse no avanço do projeto de lei que implementa a Política Nacional de Infraestruturas de Cabos Subaquáticos (PNICS), uma medida que pode aumentar a proteção sobre as infraestruturas críticas.
Fonte: Teletime