65% dos brasileiros querem IA como aliada em investimentos, indica pesquisa da Bain
O Brasil ainda dá os primeiros passos no uso de inteligência artificial em serviços financeiros, mas a aplicação já aponta tendências que podem definir sua adoção no futuro próximo. Na mais recente pesquisa da Bain com consumidores brasileiros sobre o uso de inteligência artificial generativa em diversos setores, emerge um cenário de experimentação e personalização. Usuários estão construindo formas próprias de usar as ferramentas: combinam plataformas, criam atalhos e vínculos que tornam a experiência única e difícil de replicar. Muitos testam diferentes soluções de GenAI, atribuem funções específicas a cada uma e, em alguns casos, desenvolvem vínculos emocionais que ampliam a fidelização.
O levantamento aponta que 70% dos consumidores consideram como principal utilidade de uma IA financeira a capacidade de esclarecer dúvidas e explicar tarifas, regras ou características dos produtos. Em seguida, aparecem o monitoramento de gastos com alertas sobre riscos e oportunidades (62%) e o suporte para entender melhor os produtos já utilizados (51%). Funções como resolução de problemas com serviços (46%), contratação de produtos financeiros (40%) e realização de transações simples como Pix ou outras formas de transferências (26%) completam a lista de maior interesse.
“Os resultados indicam que os brasileiros valorizam funcionalidades de IA que oferecem clareza e suporte contínuo, como explicação de produtos e monitoramento de gastos. O desafio das instituições financeiras está em transformar esse interesse em uso recorrente, garantindo que a tecnologia seja percebida como confiável, segura e integrada ao dia a dia financeiro”, explica Thiago Delfino, sócio da Bain & Company que acompanhou a pesquisa no Brasil.
A pesquisa também revelou preferências claras quanto ao canal de acesso. A grande maioria, 81%, gostaria de interagir com uma IA integrada ao aplicativo ou site de seu banco ou carteira digital, principalmente pela sensação de segurança e conveniência em manter tudo no mesmo ecossistema. Outros 72% enxergam valor em utilizar IAs já conhecidas para outras finalidades, confiando em sua capacidade de oferecer sugestões personalizadas sem viés comercial. Já 69% se mostraram receptivos a soluções independentes capazes de consolidar informações de múltiplos bancos e oferecer uma visão integrada da vida financeira.
As barreiras, contudo, seguem significativas. Oito em cada dez consumidores citam o fato de pagar para usar uma plataforma de IA como principal entrave, seguido pela necessidade de compartilhar dados sensíveis e o receio de a IA tomar decisões sem autorização, ambos mencionados por 56% dos entrevistados. Questões de confiança, excesso de alertas, recomendações enviesadas, barreiras linguísticas e limitações de integração também figuram entre os obstáculos apontados.
O retrato é de um mercado em formação, no qual os poucos pioneiros já mostram ganhos importantes de eficiência e experiência, enquanto a grande maioria observa com cautela. O desafio dos próximos anos será equilibrar conveniência, personalização e segurança para transformar curiosidade em adoção em larga escala.


Fonte: Convergência Digital