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Pesquisa mapeia os cafés canéforas do Brasil

pesquisador Michel Rocha Baqueta é o autor da tese Técnicas de espectroscopia e ciência de dados baseada em quimiometria para caracterização, discriminação e autenticação abrangente e sustentável de cafés canéforas especiais do Brasil , ganhadora da categoria Ciência de Alimentos no Prêmio Tese da CAPES. Ex-bolsista da agência, ele é graduado e mestre em Tecnologia de Alimentos pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Doutor em Ciências de Alimentos pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Michel passou um ano na Universidade de Roma, na Itália, e atualmente faz pós-doutorado na Unicamp. O pesquisador mapeou o café canéfora (robusta e conilon) cultivado no Espírito Santo, em Rondônia e na Bahia. O estudo comprova a qualidade dos grãos cultivados no país e evidencia a sociobiodiversidade na cafeicultura brasileira, com destaque para o cultivo de café pelos povos indígenas em Rondônia. Além disso, a pesquisa emprega tecnologias de análise química mais sustentáveis para fortalecer indicações geográficas, combater fraudes e promover a geração de renda, fortalecendo a bioeconomia e a sustentabilidade na cadeia do café.

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Sobre o que é a sua pesquisa? Explique o conteúdo da sua tese.                
A tese reuniu uma ampla análise de cafés canéforas (popularmente conhecidos como robusta e conilon) de alta qualidade, produzidos por agricultores familiares dos estados de Rondônia, Espírito Santo e Bahia, principais regiões produtoras dessa espécie. Dos cafeicultores indígenas, mais de cem amostras de café foram coletadas em parceria com a Embrapa Rondônia, pertencentes às etnias Suruí, na Terra Indígena Sete de Setembro (Cacoal/RO), e às etnias Kampé, Makurap e Tupari, na Terra Indígena Rio Branco (Alta Floresta D’Oeste/RO). O objetivo foi compreender de que modo fatores como origem, variedade botânica, práticas agrícolas e autenticidade influenciam a qualidade química e sensorial dos cafés canéforas brasileiras. Para isso, foram utilizadas técnicas de análise química avançadas e sustentáveis — as quais reduzem o uso de reagentes e permitem o estudo direto das amostras —combinadas à ciência de dados e a métodos quimiométricos, que são análises estatísticas multivariadas.

O que vale destacar de mais relevante na sua pesquisa?
O aspecto mais relevante da minha pesquisa é o volume e a diversidade de informações inéditas geradas sobre o café canéfora (robusta e conilon) brasileiro. Entre os principais resultados, destaco o desenvolvimento de estratégias analíticas sustentáveis e inovadoras para controle de origem e mitigação de fraudes em cafés canéforas brasileiras, com base em espectroscopia no infravermelho próximo e na aplicação inovadora de análise de imagens por smartphone para autenticação de cafés indígenas especiais. Além disso, os estudos isolados e multiplataforma integrando diferentes técnicas analíticas permitiram ampliar a interpretabilidade dos dados químicos e investigar as relações entre informações analíticas distintas, o que possibilita rastrear a origem geográfica e varietal dos cafés robustas brasileiros.

De que forma a sua pesquisa pode contribuir para a sociedade?
Tomar café tem uma importância histórica e cultural no cotidiano dos brasileiros, e garantir a disponibilidade e a qualidade dessa bebida para as futuras gerações é essencial. Minha pesquisa representa uma contribuição científica significativa tanto para a ciência do café quanto para a ciência de alimentos em geral, além de ter forte impacto social e econômico para os cafeicultores que produzem café canéfora e buscam o reconhecimento da qualidade dessa espécie no Brasil. Sob a perspectiva social, o trabalho dá visibilidade à cafeicultura familiar e evidencia o protagonismo dos povos originários da Amazônia, destacando — com base em evidências científicas — que os cafés produzidos por eles possuem características químicas e sensoriais únicas. De forma mais ampla, os resultados fortalecem ações de rastreabilidade, mitigação de fraudes e promoção de sistemas produtivos sustentáveis e inclusivos. Essas contribuições ajudam a agregar valor aos cafés brasileiros, promovendo reconhecimento, geração de renda e preservação cultural nas regiões produtoras, além de incentivar práticas alinhadas à bioeconomia e à sustentabilidade.

Qual a importância para você de sua tese ter sido escolhida a melhor na área?
A escolha da minha tese como a melhor na área de Ciência de Alimentos representa um reconhecimento significativo do meu compromisso com a ciência e com a pós-graduação no Brasil. Essa distinção evidencia não apenas o meu empenho, mas também o esforço coletivo de todos os colaboradores e parceiros que contribuíram para a realização de um estudo tão abrangente e desafiador. Trata-se de um reconhecimento que valoriza anos de dedicação à pesquisa e ao desenvolvimento de novos conhecimentos sobre um tema de tamanha importância como o café presente todos os dias na mesa dos brasileiros. Por fim, a premiação reforça a importância da formação científica como instrumento de transformação social, valorização da pesquisa nacional e incentivo às futuras gerações de pesquisadores.

De que forma a bolsa da CAPES/MEC contribuiu para sua formação?
Fui bolsista da CAPES/MEC durante o mestrado e nos dois primeiros anos do doutorado. A bolsa foi fundamental para minha formação, pois garantiu o suporte financeiro necessário para que eu pudesse me dedicar integralmente às atividades de pesquisa, o que foi essencial para aprimorar minha formação acadêmica e científica.

Fonte: CAPES

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