Governança e liderança, as principais fragilidades da cibersegurança no Brasil
O primeiro Relatório Nacional de Cibersegurança do Cyber Economy Brasil revela que o avanço em estruturas técnicas não foi acompanhado por evolução equivalente em governança, liderança e cultura organizacional. O estudo apresenta o IMRCiber, índice que avalia dez dimensões da maturidade cibernética, com base na participação de cerca de 350 profissionais.
Os resultados mostram que as empresas operam em nível intermediário de maturidade, com média nacional de 60%. Segundo Fernando Dulinski, fundador do Cyber Economy Brasil, a segurança permanece concentrada em áreas técnicas, sem integração consistente às decisões de negócio, o que limita o progresso institucional. De acordo com ele, a mudança depende da participação mais efetiva das lideranças e da inclusão do tema na agenda executiva.
O relatório informa que 83% das organizações não possuem executivo responsável pela segurança da informação e que a discussão nos conselhos ocorre de forma irregular. Os indicadores estratégicos são utilizados por apenas uma parte das empresas, e a aplicação interna de políticas não se estende de forma uniforme aos parceiros. A participação dos executivos em treinamentos de crise é limitada e os programas de conscientização apresentam baixa continuidade.
O estudo também identifica falta de clareza na comunicação de riscos entre equipes técnicas e executivas. Em muitos casos, o apetite de risco institucional não é definido, o que compromete a tomada de decisão. A análise de impacto nos negócios e a auditoria dos planos de continuidade seguem padrões irregulares. As métricas para avaliar esses planos não são amplamente adotadas.
Os dados indicam evolução em práticas operacionais, como o uso de firewall e autenticação multifator. A aplicação de inteligência artificial, porém, avança de forma desigual. Parte das empresas considera a tecnologia relevante, mas adota pouco uso prático. A participação das áreas de segurança no desenvolvimento de novos produtos também não ocorre de forma consistente, o que amplia a exposição a falhas operacionais.
O relatório mostra que cresce o reconhecimento de que gestão de riscos e proteção de dados podem influenciar a competitividade. Para Dulinski, o estudo estabelece um ponto de referência para que empresas e lideranças definam prioridades e alinhem segurança às decisões corporativas, tratando o tema como base para a economia digital.
Fonte: TI Inside