Anatel e BID identificam 20 milhões de brasileiros sem cobertura de Internet
Em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o banco e Anatel publicaram o estudo com os resultados de uma pesquisa feita com crowdsourcing (ou seja, com dados alimentados pelos próprios usuários) para o levantamento de dados sobre a cobertura e qualidade da banda larga no Brasil. O trabalho identificou que quase 20 milhões de brasileiros vivem em áreas onde não foram encontradas evidências de conectividade de banda larga.
Conforme estimou o levantamento, estender a cobertura do serviço de banda larga para os 16 milhões de habitantes que vivem em um terço dessas áreas não cobertas aumentaria a cobertura populacional em mais de sete pontos percentuais, geraria um crescimento do produto interno bruto (PIB) de 2,4% e custaria US$ 9,5 bilhões, dos quais quase dois terços seriam uma contribuição pública para torná-lo viável financeiramente.
Sobre os custos necessários para diminuir o fosso digital que existe no Brasil, a pesquisa trabalhou com a localização dos Pontos de Máxima Conectividade (PMC). Esses pontos são localizações com ótimas condições de conectividade. Cada cluster (casas, escolas, pessoas, instituições) é conectado ao PMC mais próximo usando transporte de alta capacidade.
Pelo estudo, o Brasil precisaria de US$ 9,5 bilhões em investimentos em cinco anos para conseguir promover a inclusão digital de 15,8 milhões de pessoas, que atualmente não têm acesso à banda larga fixa ou móvel, atingindo uma cobertura total de 98,2% da população.
A análise financeira dos 2.330 PMC encontrados mostrou que 10% deles seriam rentáveis e não precisariam receber recursos públicos, enquanto 90% necessitariam de financiamento público em menor ou maior proporção, a saber:
- 14% do total (a maioria localizada nas regiões Centro e Sul) necessitariam de apoio público inferior a 30% do investimento;
- 45% (distribuídos em todas as regiões) precisariam de apoio público entre 30% e 70% do investimento e;
- 30% dos PMCs (localizados principalmente nas regiões Norte e Nordeste) precisariam de apoio público superior a 70% do investimento total.
Outro dado importante trazido pelo estudo é o de que como a universalização da conectividade digital exige grandes investimentos, a colaboração pública e privada é necessária para enfrentar este desafio, bem como manter os custos operacionais tão baixos quanto possível para viabilizar os casos de negócios. Por sua vez, o setor público exige precisão na definição dos critérios de elegibilidade de suas políticas e agilidade para adequá-las à dinâmica de desenvolvimento do setor.
Metodologia
A proposta é mostrar como a técnica de crowdsourcing pode complementar o atual conjunto de ferramentas para a localização geográfica da demanda e oferta de serviços de banda larga fixa, móvel, permitindo melhorar a precisão em áreas rurais; preencher informações independentemente de considerações regulatórias; acompanhar a evolução do acesso de forma precisa; e identificar o fosso digital, estimar o seu custo e desenvolver ferramentas para diminuí-lo.
A tecnologia, aponta o BID e a Anatel, pode ser usada para estimar de forma precisa, completa e oportuna a localização geográfica da demanda e oferta de serviços de banda larga. A pesquisa mostra que conhecer a localização geográfica da demanda e oferta de serviços de banda larga é importante para a contratação de serviços, o desenvolvimento de infraestrutura, o desenho de políticas públicas e a regulação da conectividade digital.
Confira o relatório na íntegra aqui.
Fonte: Teletime