MENU

HOME

Consecti

Consecti Consecti

“A pós-graduação é um caminho de liberdade e transformação”

rofessor do Departamento de Farmácia e do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) desde 1995, Sócrates Egito construiu uma carreira marcada pela pesquisa de medicamentos negligenciados. Formou-se em Farmácia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e fez, com bolsa da CAPES/MEC, mestrado e doutorado na França e pós-doutorados nos Estados Unidos.  À frente de projetos inovadores, dedica-se ao estudo e padronização de derivados da Cannabis para uso medicinal, com foco em tratamentos de doenças crônicas no Sistema Único de Saúde (SUS). Com mais de 50 doutores já orientados, Egito defende que a pós-graduação é um caminho de liberdade, capaz de transformar vidas e preparar profissionais para atuar em qualquer parte do mundo. Em entrevista, ele, que participa pela sexta vez da Avaliação realizada pela CAPES/MEC na área de Medicina II, falou sobre os desafios para o futuro da ciência e da educação no Brasil, como atrair mais jovens para despertar vocações científicas desde cedo e fortalecer a base tecnológica do país, para que a indústria tenha capacidade de absorver o conhecimento gerado na universidade.

11e48262-e284-4028-b854-f63d0a19c5cf

Como foi sua trajetória acadêmica até chegar à docência na UFRN?
Sou pernambucano e iniciei minha formação em Farmácia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Trabalhei por três anos na indústria farmacêutica internacional em São Paulo, mas logo retornei ao Nordeste. Tive a oportunidade de fazer o mestrado e doutorado na França, entre 1990 e 1994, com bolsa da CAPES/MEC, pelo Programa Cofecub. Depois, realizei pós-doutorados nos Estados Unidos, na Georgia, na Flórida e em Iowa, sendo que neste último sou professor visitante. O percurso que muitos dos meus alunos fazem é o mesmo que eu fiz. Essa experiência internacional foi fundamental para estruturar o Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde na UFRN. Acredito que a pós-graduação é um caminho de liberdade do pensar e de transformação.

Quais são suas principais linhas de pesquisa?
Meu nicho de atuação é em Ciências da Saúde, com foco em medicamentos. Minha especialidade é sistema nanoestruturados, área que comecei a estudar na França. Trabalho com moléculas insolúveis que, para distribuição no corpo humano, exige artefato não estruturado. Atuo com moléculas negligenciadas, como um antifúngico bem antigo – produtos que a indústria farmacêutica mundial não investe, pois são para tratar patologias, como a leishmaniose, que existem em países pobres. Atualmente, consegui aprovar um grande projeto da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) para trabalhar com o canabidiol e derivados da Cannabis. Hoje, meu foco principal é trazer para o Brasil uma padronização do processo extrativo de produtos da Canabis, o tipo de produto em cada região do Brasil e como deve ser plantada. Sou o professor que irá trabalhar com a molécula pura do canabidiol em estruturas para tratar doenças crônicas, especialmente em neonatos com espasticidades e convulsões.

Qual a importância da pós-graduação na sua visão pessoal e acadêmica?
A pós-graduação foi um caminho de liberdade para mim. Ela abre horizontes, dá oportunidade de pensar e de formar alunos preparados para atuar em qualquer lugar do mundo. Já orientei mais de 50 doutores, e muitos deles atuam com excelência no Brasil e no exterior.

Qual o ganho para a avaliação da pós-graduação com a participação da comunidade acadêmica?
Primeiro, a transparência institucional que a CAPES/MEC fornece. Os 36 avaliadores da área de Medicina II que vieram aqui participar do processo avaliativo, voltam para os seus locais e mostram o quanto tentamos ser justos e comparativos. Não há privilégio para nenhuma instituição. Há regras bem estabelecidas. Esse processo de avaliação, de forma tão transparente, dá uma segurança à comunidade acadêmica nacional e internacional de que o trabalho que é feito visa realmente o desenvolvimento do país. Não se trata de criar métricas, mas os caminhos para formar alguém que possa trabalhar em qualquer lugar do planeta.

Qual a visão do senhor em relação ao caminho percorrido da avaliação da pós-graduação brasileira até aqui?
Em relação ao Medicina II, a partir da minha participação na avaliação, vi que todos os anos ajustávamos os critérios para buscar métricas que focassem em ter um profissional formado para trabalhar em qualquer lugar com mundo. A pós-graduação fez muito, formando pessoas completamente independentes e sem amarras. A CAPES/MEC criou um critério de justiça em todas as áreas. Além disso, a internacionalização da pós-graduação brasileira tem mudado o olhar. A Coordenação, além de avaliar, identifica deficiências mais globais e lança editais específicos que projetam e corrigem essas deficiências, como as que tínhamos em relação à internacionalização. Essa é uma das políticas públicas que a CAPES/MEC executa com muito zelo e traz muitos resultados.

Quais são os principais desafios para o futuro da pós-graduação?
O meu sonho é que o Brasil consiga mais recursos. Precisamos ampliar o número de bolsas para que todo brasileiro que queira entrar na pós-graduação se envolva com o ambiente da pesquisa. Para isso, será preciso criar um incentivo muito forte já na graduação.  Depois da pandemia, os alunos da graduação ficaram perdidos, sem norte. Quando foi concedido o reajuste no valor das bolsas pela CAPES/MEC, houve um aumento na procura pela pós-graduação. Todos os que entraram encontraram uma pós-graduação madura, de tal forma que perceberam que poderiam ser agentes transformadores de suas próprias vidas. Esse cuidado e critério social que a pós-graduação está adotando no Brasil será muito ampliada quando conseguirmos divulgar ainda mais esses trabalhos para os jovens. Tenho vários projetos com jovens de 15 anos que veem que o pensamento científico os conduzirá a uma formação de excelência. Ações assim farão da pós-graduação no futuro mais pujante. A pós-graduação tem impacto na política pública nacional.

Fonte: CAPES

Mais notícias