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6G pode ter contribuição brasileira e será a ‘rede das redes’, diz diretor do Inatel

O desenvolvimento da sexta geração de redes móveis (6G) ainda está em fase de pesquisa e concepção, mas o Brasil já busca ter papel ativo na definição do novo padrão. Segundo o diretor do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), professor Carlos Nazareth, o País pode contribuir não apenas na adoção, mas também na padronização internacional da tecnologia, prevista para chegar ao público geral entre 2035 e 2040.

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Hoje o 6G ainda está muito no campo da pesquisa. O nosso centro tem trabalhado bastante no desenvolvimento de soluções e aplicações para o 5G, nas pesquisas que estão fundamentando e criando toda uma infraestrutura de rede. Mas isso não se transformou ainda em recomendações”, disse ao TELETIME o diretor do Inatel.

Padronização do 6G

De acordo com ele, o instituto trabalha em conjunto com universidades de outros países de modo a aumentar as chances de que uma proposta brasileira também possa ser adotada em uma padronização internacional. “Essa é a única maneira do Inatel contribuir com o Brasil e, consequentemente, do Brasil contribuir com o mundo na formação do manual padrão”, disse.

O Brasil nunca conseguiu fazer isso antes. Nossa esperança, enquanto Inatel, é contribuir para que o Brasil figure, no 6G, como um dos participantes na descrição dos padrões e na normatização internacional”, contou o diretor. O professor também enfatizou a importância do País se posicionar desde já nas etapas iniciais dessa concepção tecnológica.

A participação brasileira nos padrões é facilitada pela pesquisa de soluções com relevância global. Nazareth citou como exemplo a tecnologia TV White Space, que permite o uso oportunístico do espectro de televisão em regiões onde os canais não são utilizados. Essa solução (que lembrou ser importante para levar conectividade a áreas rurais e de baixa densidade demográfica no Brasil), tem o potencial de ser útil em diversos países.

Rede das redes

O diretor explicou que o 6G não será apenas uma evolução do 5G, mas uma estrutura capaz de integrar diferentes meios de comunicação. Na prática, isso ocorreria por meio da combinação de redes ópticas, terrestres e satelitais.

“O 6G será a ‘rede das redes’. Isso quer dizer que todas as redes, sejam ópticas, satelitais ou móveis, vão convergir. O usuário não vai perceber se está conectado a uma estação base, a um satélite, a um roteador de fibra. Ele simplesmente vai estar conectado”, afirmou.

Essa integração visa, entre outros objetivos, a diminuição agressiva da latência (que também é um dos objetivos do 5G). No 6G, a redução drástica do tempo de resposta na conexão poderia viabilizar “a automaticidade das coisas” e permitir que o 6G avance na promessa da “fusão do mundo físico com o mundo digital”. Isso inclui não apenas aplicações como cirurgias remotas e carros autônomos, como holografia e gêmeos digitais.

De acordo com Carlos Nazareth, o Inatel participa de grupos internacionais de pesquisa e padronização, como a União Internacional de Telecomunicações (ITU) e no Projeto de Parceria de 3ª Geração (3GPP), com o objetivo de levar a perspectiva brasileira para as discussões sobre o futuro da conectividade.

Mão de obra

Apesar da visão estratégica, o diretor alertou para o desafio da formação de mão de obra. Essa, inclusive, é uma demanda antiga do setor. Segundo ele, o Inatel tem contribuindo para mudar esse cenário formando mestres e doutores para atuar no 5G e no 6G.

Ainda assim, Nazareth avaliou que o Brasil enfrenta um “déficit histórico bastante grande”. O professor apontou para o baixo índice de jovens que optam por carreiras científicas e de tecnologia no País.

“Enquanto na Ásia é comum que cerca de 32% dos jovens, uma grande proporção, escolham carreiras em ciência, tecnologia, engenharia e matemática, no Brasil apenas 6% fazem essa escolha. Isso significa que há poucos entrantes no mercado de tecnologia“, argumentou.

“Além disso, precisamos treinar aqueles que já atuam no setor. Alguns deles acabam sendo capturados por outros países e por empresas internacionais. O desafio brasileiro é grande nesse aspecto. É nesse ponto que o centro se dispõe a colaborar também”, disse.

Fonte: Teletime

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