Brasil sofre para reter 90% dos alunos nos cursos de Tecnologia
O Brasil ainda sofre para preencher as vagas oferecidas em cursos de graduação em computação e tecnologia, mas a maior dificuldade nem é mais despertar o interesse. Muito mais complicado tem sido manter esse interesse até o final.
Esse foi o alerta da presidente da SBMicro, Linnyer Ruiz, ao discutir quais as chances do Brasil em achar um lugar no mercado global de chips durante a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, que acontece em Brasília entre 30 de julho e 1 de agosto.
“O adolescente de hoje é nossa reserva de talento. Mas se ele não chegar na graduação com um mínimo de conhecimento sobre tecnologia, ele vai embora. Porque nosso problema não é mais atrair, é reter. E só vamos reter se esse adolescente chegar na universidade conhecendo tecnologia e tendo auto estima tecnológica”, afirmou.
Ela mostrou dados do Censo Escolar de 2022, apontando que foram oferecidas 2,3 milhões de vagas em cursos de computação e TICs no país, das quais apenas 595 mil resultaram em matrículas. No entanto, somente 61,7 mil alunos concluíram os cursos.
Professora, pesquisadora e empreendedora, Linnyer Ruiz fundou e lidera o Manna BR, projeto apoiado pelo CNPq para ensinar tecnologia a alunos e professores desde os primeiros anos escolares, que funciona em 15 estados, com foco em cidades pequenas.
Ela acredita que a qualidade dos cursos de TICs no Brasil em geral, e em microeletrônica em especial, é muito boa. Mas a dificuldade é garantir a cultura digital para esse mínimo que considera fundamental para ampliar a taxa de conclusão. E, claro, falta um longo caminho para ter mais mulheres nesse campo. “Sem em TICs as mulheres são 5%, em microeletrônica são no máximo 2%.”
“Estamos fomentando, trazendo, ensinando tecnologia, microeletrônica de semicondutores para essas crianças que vão ser engenheiros, advogados, enfermeiros, muito melhor posicionados no mercado e com uma cultura digital muito importante para o país, formadores de opinião para que a gente tenha uma política pública nacional para investir em semicondutores, porque essas crianças vão formar opinião e vão estar conosco nessa pressão para que a gente tenha uma política como país”, defendeu.
Durante o painel sobre semicondutores na 5ª CNCTI, o presidente do Ceitec, Augusto Gadelha, reafirmou a nova estratégia da estatal de chips, tomada ainda no ano passado. Com a decisão do governo Lula de suspender e reverter a extinção da estatal, o plano de viabilização econômica do Ceitec passa pela produção de chips para veículos híbridos e painéis fotovoltaicos.
Fonte: Convergência Digital