Tecnologia e produto são as áreas em que startups mais sofrem para contratar, aponta pesquisa
Segundo a ABS (Associação Brasileira de Startups), o número de startups registradas no Brasil teve um salto expressivo entre 2015 e 2021 — de 4.151 para 13.700, crescimento superior a 200%. No entanto, a ascensão não aplacou um dos principais desafios do segmento. De acordo com a pesquisa “Gente e Gestão para suportar o ecossistema de startups no Brasil”, peça inaugural de uma parceria estratégica entre o Grupo de Inovação e Investimentos Sai do Papel e a Visagio, plataforma global de transformação e desenvolvimento de negócios, o volume de vagas não tem sido suficiente para atrair talentos. Ainda que a maioria dos negócios tenha políticas agressivas de bônus ou distribuição de ações, 53% dos empreendedores avaliam que não têm marcas empregadoras fortes e que isso afeta negativamente processos como contratação e retenção.
A pesquisa estabeleceu uma classificação de 1 a 5 para o grau de dificuldade de contratação na percepção das startups. Tecnologia (4,16) foi a área em que as empresas identificaram maior nível de complicação, seguida por produto (3,27), comercial (3,09), marketing (3,05) e sucesso do cliente (3,03).
Uma das principais armas das startups para reduzir essa dificuldade de gerir talentos, de acordo com o estudo, é a proposta de valor para empregados (EVP, na sigla em inglês). São pacotes que incluem flexibilidade do modelo de contratação, remuneração participativa, transparência, possibilidade de crescimento rápido e a criação de uma rede de apoio, por exemplo.
No caso da atração de talentos, as estratégias mais populares entre startups são “desafio e oportunidade para aprender” (52%), propósito e missão (49%), possibilidade de crescimento hierárquico (44%), oportunidade de ganhos escaláveis (38%) e ambiente de trabalho horizontal (24%). Essa classificação muda um pouco entre as iniciativas voltadas para a retenção: possibilidade de crescimento hierárquico (43%) ocupa a liderança no ranking desse grupo, seguida por oportunidade de ganhos escaláveis (41%), propósito e missão (38%), desafio e oportunidade de aprender (38%) e equilíbrio entre vida pessoal e profissional (31%).
“O que a pesquisa mostra é que os talentos escolhem as startups. O desafio enorme para as empresas é estruturar planos que sejam capazes de atrair ou reter boas pessoas sem que isso comprometa o caixa ou a autonomia financeira da companhia. É por isso que a gestão de uma startup demanda expertise e clareza de processos”, opina Carlos Junior, CEO do Grupo Sai do Papel.
60% dos colaboradores de startups têm salário de até R$ 3 mil
A pesquisa também traçou um panorama sobre a média salarial praticada nas startups brasileiras. Para isso, colaboradores foram divididos entre alta gestão, média gestão e equipes para serem divididos nessas searas.
Na alta gestão, apenas 2% das startups têm média salarial superior a R? 25 mil. Em compensação, 7% dessas empresas trabalham com média mensal inferior a R? 3 mil para o topo de sua hierarquia.
O cenário muda consideravelmente na média gestão, faixa em que 95% das startups com até 25 colaboradores têm média salarial de até R? 10 mil. Na equipe, 60% dos colaboradores desses empreendimentos recebem até R? 3 mil por mês.
No quesito “bônus e PLR anual”, apenas 3% das startups oferecem para equipes benefícios que superam R?30 mil. Na alta gestão, por outro lado, 28% das empresas distribuem valores superiores a esse patamar.
A pesquisa foi conduzida entre novembro e dezembro de 2021, com índice de confiança de 95% e margem de erro de 7% para mais ou para menos.
O lançamento da pesquisa de Gente e Gestão para suportar o ecossistema de startups no Brasil é o primeiro passo de uma nova frente de negócios para Sai do Papel e Visagio. Juntas, as duas companhias desenvolverão estudos e outras iniciativas relacionadas à inteligência de mercado.
Fonte: TI Inside