Morre Tadao Takahashi. Brasil perde um dos pais da Internet comercial
Morreu na noite desta quarta-feira, 06/04, um dos responsáveis pela Internet Comercial brasileira: Tadao Takahashi. Ele liderou o projeto Rede Nacional de Pesquisa por oito anos, entre 1988 e 1996. A iniciativa, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), foi responsável na época por trazer a internet para o Brasil. Essa foi a primeira rede de internet no país, iniciada há 25 anos para conectar universidades em dez estados e no Distrito Federal.
Tadao foi ainda coordenador do Programa Sociedade da Informação do Ministério da Ciência e Tecnologia, iniciativa responsável pela formulação estratégica de ações para o desenvolvimento de novas aplicações, ampliação de acesso, meios de conectividade, formação de recursos humanos, incentivo à P&D, comércio eletrônico, entre outros, necessários para impulsionar o uso e aplicação das tecnologias de informação no Brasil.
Também foi o segundo brasileiro – depois do diretor-presidente do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), Demi Getschcko – a fazer parte do hall da fama da Internet, em 2017. Em sua última entrevista ao portal Convergência Digital, Tadao Takahashi, em 2018, mostrava a sua preocupação com o futuro. “O Brasil precisa planejar o futuro da Internet para reeditar um novo movimento com governo, setor privado, academia e sociedade para dar um salto na economia digital”, disse.
Takahashi estava à frente do projeto i2030, para pensar o que seria a Internet em 2030. “O projeto i2030 nasceu em 2013 quando o Brasil não conseguiu evitar que as invasões da NSA americana nas suas redes. Isso é um absurdo. Um país do tamanho do Brasil tinha de saber evitar esse tipo de ação. A sensação que tivemos foi que o Brasil ficou parado no tempo e esqueceu de planejar o futuro. A ideia do i2030 é exatamente essa. Definir ações que possam vir a ser cumpridas. Tentar não repetir os erros do passado. Nós perdemos a oportunidade de produzir roteadores em 1995. Os chineses aproveitaram. Não podemos errar mais”, denunciava.
Eu, Ana Paula Lobo, perdi uma referência profissional e uma das pessoas- não era meu amigo pessoal – mas foi um dos responsáveis por eu abraçar a tecnologia como especialização no jornalismo. O Brasil perde, como podemos ver nessa entrevista, um dos seus mais brilhantes pensadores. O portal Convergência Digital lamenta a sua morte. Vá em paz, e que possamos fazer o Brasil pensar o seu futuro.
Fonte: Convergência Digital