falecom@consecti.org.br
(61) 3702-1740
[google-translator]

Marina Silva: bancos têm papel fundamental na criação de cadeias de valor sustentáveis - Consecti

Marina Silva: bancos têm papel fundamental na criação de cadeias de valor sustentáveis - Consecti

Notícias
03 julho 2023

Marina Silva: bancos têm papel fundamental na criação de cadeias de valor sustentáveis

ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, participou nesta quinta-feira, 29/6, do Febraban TECH 2023. Entrevistada pelo sócio e membro do board do banco BTG Pactual, João Dantas, a ministra falou sobre a retomada do protagonismo do Brasil nas questões ambientais e destacou o papel dos bancos na construção de novas cadeias de valor sustentáveis.

Dantas lembrou que o sistema financeiro em geral, e os bancos em particular, vem trazendo boas contribuições para a implantação de uma economia mais sustentável e citou o exemplo da concessão de crédito de acordo com os compromissos sustentáveis das empresas. “Nós também temos auxiliado empresas no financiamento do mercado de capitais vinculado a metas de descarbonização. Estamos dando visibilidade ainda maior ao tema”, destacou.

Questionada sobre o que mais poderia ser feito, a ministra disse que o setor tem papel fundamental no financiamento da nova cadeia de valor. “O sistema financeiro vai encontrar uma série de startups que estão esperando por suporte econômico para alavancar seus negócios”, afirmou. Esse suporte a empresas mais sustentáveis, ou com foco em sustentabilidade, seria complementar ao trabalho que o ministério tem feito para abrir novos mercados aos produtos brasileiros oriundos da bioeconomia.

“A floresta precisa ser viável economicamente. Um exemplo são os produtores de madeira que trabalham com nossas concessões ambientais. Eles precisam modernizar seus maquinários, não pode mais ser a velha serraria”, comparou, dizendo ser importante a sinergia entre o setor financeiro e o governo para a identificação de potenciais investimentos.

Esses investimentos são a chave para a transição para um novo modelo de desenvolvimento, que integre economia e ecologia. Para Marina, não se trata de conciliar os dois temas, mas de integrá-los, já que, no atual contexto global, não há como haver desenvolvimento sem preservação. “As duas coisas têm que caminhar juntas”, defendeu.

Para isso, Marina acredita em um processo de transição para um modelo de desenvolvimento que traga um novo ciclo de prosperidade. Ele seria baseado em grandes investimentos que, no Brasil, teriam destino certo em áreas como geração de energia, eletrificação de automóveis e outras iniciativas. O lado positivo, segundo a ministra, é que as respostas técnicas estão todas aí, faltando apenas o compromisso ético da sociedade em relação à transição.

Nesse sentido, ela diz que o Brasil vem realizando esforços. “Estamos trabalhando em várias agendas dentro do governo, mas a mudança só virá em uma ação conjunta do setor privado e público e do setor plural (sociedade civil). Os investimentos e decisões políticas e dentro das empresas devem convergir para essa integração.”

Cooperação e investimentos

Citando alguns exemplos de iniciativas, Marina lembrou que em 2024 o Brasil assume a liderança do G20, justamente o grupo de países responsáveis por 86% das emissões de carbono do planeta, e que deve levar uma proposta robusta de redução. Em paralelo, ela afirma que o País vem colocando em prática iniciativas que estão estimulando o retorno das parcerias e cooperações internacionais.

“Colocar os esforços no mais alto nível de prioridade é que atrai a cooperação”, disse. Um exemplo citado por ela foi a ida do presidente Lula ao Egito e a retomada de compromissos ambientais. Um dos reflexos foi a retomada do Fundo Amazônia que, até aqui, captou mais de US$ 800 milhões.

A ministra destacou também o potencial de atrair investimentos dessas ações. Uma delas é a inclusão do Programa de Agricultura de Baixo Carbono dentro do recém anunciado Plano Safra, que deve criar oportunidades de precificação de carbono. “Também estamos preparando um Programa de Transição Energética e criamos uma secretaria de bioeconomia dentro do ministério”, exemplificou.

Outras ações que estão restabelecendo a credibilidade do Brasil em relação ao meio ambiente incluem a redução do desmatamento e a retomada da fiscalização via satélite, ampliando a capacidade em 200%. “Como resultado, de janeiro a maio tivemos uma queda de 31% nos alertas de desmatamento. Também removemos 80% dos garimpeiros criminosos das terras Yanomamis e estamos iniciando a remoção dos outros 20%”, acrescentou.

Outro instrumento importante nessa transição para um novo modelo econômico é o mercado de carbono. Segundo Marina, o Brasil quer ser o endereço dos créditos mais íntegros e, para isso, seu ministério, em parceria com os ministérios da Fazenda, Agricultura e Ciência e Tecnologia, está trabalhando em um projeto de lei que vai criar uma regulação para o mercado de carbono.

Essa integração tem ocorrido em outras frentes porque, de acordo com Marina, a política ambiental deve ser transversal. “Nosso ministério cumpre esse papel catalisador e alavancador, trabalhando com as boas ideias de todos”, afirmou. Esse trabalho, de acordo com ela, tem o objetivo de transformar as vantagens comparativas do Brasil em vantagens competitivas.

“Ouso dizer que, mais do que isso, devemos transformar em vantagem distributiva: o mundo precisa de energia limpa, nós temos, então vamos distribuir e ganhar com isso. Podemos fazer a revolução ecossistêmica, sermos um exportador de sustentabilidade”, completou.

Fonte: Convergência Digital