Brasil investe menos do que deve em cibersegurança
Cibersegurança supera inteligência artifiical e cloud computing nas prioridades de investimentos dos gestores de TI na América Latina. A constatação é da pesquisa IDC Cyber Security Research Latin America 2023. O levantamento mostra que 39% dos executivos de TI da América Latina garantem que irão investir em segurança de TI ainda esse ano.
Tal investimento está no topo das tendências da agenda digital destes profissionais, seguido por Inteligência Artificial (33%), Cloud Pública (29%) e Gestão e Experiência de clientes (18%)”, explica Pietro Delai, diretor de Pesquisa e Consultoria de Enterprise da IDC Latin America. “Já em nível global, o estudo IDC IT Investment Trends 2023 mostra que 92% dos CIOs de todo o mundo afirmam que vão manter ou aumentar os gastos com Tecnologia da Informação em 2023”, completa Delai.
Ainda no campo de investimentos, segundo outro estudo da consultoria, o IDC Worldwide Black Book 2023, o Brasil ocupa a nona posição entre os países com mais aplicações/gastos com TI e Telecom, representando 1,7% de todo o planeta. Em um recorte apenas sobre TI, o país lidera o ranking na América Latina, com 38% dos gastos da região.
Especificamente sobre cibersegurança, 37,5% das empresas brasileiras consideram os investimentos na área como a principal iniciativa de TI para o ano. “Até o fim de 2023, os gastos das empresas brasileiras com segurança representarão 3,5% dos investimentos feitos em TI, um crescimento de 12% em relação ao ano anterior”, diz o executivo da IDC Brasil, que alerta: apesar dos esforços, o Brasil sofre com carência de profissionais qualificados e o investimento feito ficou aquém da média global.
Segundo o CVE (Common Vulnerabilities and Exposures), banco de dados do MITRE que registra vulnerabilidades e exposições relacionadas à segurança da informação, mais de 25,2 mil vulnerabilidades foram detectadas ou reconhecidas pelos fabricantes de tecnologia em todo o ano de 2022, além de mais de 5,4 mil nos seis primeiros meses de 2023.
“Outro dado público relevante foi divulgado pelo FBI. Segundo o relatório FBI Internet Crime 2022, no ano passado, o departamento de inteligência norte-americano registrou mais de 479 mil denúncias de incidentes com segurança digital nos Estados Unidos, o país que lidera este ranking. O Brasil, apareceu na décima posição com 1.181 crimes cibernéticos registrados pelo departamento”, conta Delai. “Isso reforça, que mesmo muito abaixo dos países mais atacados ciberneticamente, o risco no Brasil está crescendo. Em 2021 e 2020, os números eram de 1.053 e 951, respectivamente.”
Medidas tomadas pelas empresas brasileiras
No estudo IDC Worldwide Security Spending Guide – Latin America 2022 a IDC listou 39 medidas de segurança digital e perguntou para as empresas da América Latina quais são as mais utilizadas por elas para evitarem ataques cibernéticos. No Brasil, o TOP 5 de medidas é composto por: Messaging Security Software (utilizado por 33,1% dos entrevistados), Tier 2 SOC Analytics and Cloud Native XDR (28,7%), Server Security (28,6%), Modern Endpoint Security (24,7%) e Authentication (23%).
O estudo mostrou ainda que, até 2026, 30% das organizações com mais de mil funcionários migrarão para centros de operações de segurança autônomos com equipes distribuídas para gestão de risco, remediação e resposta mais rápidos. “Essa transição deve acontecer pois a área de segurança tem que defender o ecossistema da empresa o tempo todo, e isso é algo muito intenso, visto que depende de recursos e de gente 24 horas por dia, sete dias por semana. Quanto mais softwares são produzidos, mais riscos são gerados e, consequentemente, mais investimentos devem ser feitos na automatização desses processos de segurança”, elucida Delai.
Fonte: Convergência Digital