Pesquisa da USP sobre maior lago do mundo entra para o Guinness, o livro dos recordes
A descoberta das dimensões do megalago Paratethys acaba de entrar para o Guinness, o livro dos recordes, se tornando oficialmente o maior lago de todos os tempos graças às últimas pesquisas do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IO-USP) e ao esforço de seus pesquisadores. Usando a técnica chamada magneto-estratigrafia – que aplica o registro das inversões de polaridade do campo magnético da Terra nas rochas como ferramenta de datação – e reconstruções paleogeográficas digitalizadas para determinar o tamanho e o volume do Paratethys, a pesquisa se tornou essencial para esta história fascinante liderada pelo pesquisador Dan Valentin Palcu.
“Durante muito tempo acreditou-se que ali existia um mar pré-histórico, conhecido como Mar Sármata, mas agora temos evidências claras de que durante cerca de 5 milhões de anos esse mar tornou-se um lago – isolado do oceano e cheio de animais nunca vistos em outros lugares ao redor do globo”, conclui Palcu.
O megalago Paratethys foi caracterizado por uma fauna endêmica única, incluindo a Cetotherium riabinini – a menor baleia já encontrada. Palcu e seus colegas também revelaram a história tumultuada do Paratethys, marcada por múltiplas crises hidrológicas e períodos de seca. Durante a crise mais grave, o megalago perdeu mais de dois terços da sua superfície e um terço do seu volume, com o nível da água caindo até 250 metros. Isso teve um impacto devastador na fauna, e muitas espécies foram extintas.
Palcu enfatiza o profundo significado de sua pesquisa: “Nossas investigações vão além da simples curiosidade. Elas revelam um ecossistema que responde de forma extremamente aguda às flutuações climáticas. Ao explorar os cataclismos que esse antigo megalago sofreu como resultado das alterações climáticas, obtemos informações valiosas que podem elucidar potenciais crises ecológicas desencadeadas pelas alterações climáticas que o nosso planeta atravessa atualmente, especialmente esclarecimentos sobre a estabilidade de bacias de águas tóxicas como o Mar Negro”.
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Fonte: Agência Fapesp