Governo do Estado e Ministério da Integração mapeiam a cadeia produtiva da castanha no Amapá
O Governo do Amapá e o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR), realizaram visitas técnicas às comunidades que produzem castanha nos municípios de Mazagão e Laranjal do Jari, para mapear e analisar a cadeia produtiva do fruto no estado.
A ação, que ocorreu de 24 a 27 de novembro, teve como objetivo conhecer as dificuldades e os potenciais da produção castanheira que existe no território amapaense, principalmente, em comunidades extrativistas, onde a atividade é realizada de forma ativa, para criar estratégias de desenvolvimento e fomento para o setor produtivo.
O primeiro local a receber a comitiva foi o assentamento do Maracá, em Mazagão, onde, atualmente, cerca de 140 pessoas vivem da produção da castanha. De acordo com a Associação dos Castanheiros do Alto e Médio Maracá, a maior parte do que produzem é comercializada “in natura”, o que gera pouco retorno financeiro para os produtores, mas a ideia é mudar essa realidade por meio do beneficiamento do fruto na própria comunidade.
“O nosso objetivo é poder transformar essa castanha que está saindo daqui em outros produtos como biscoito e bombons, agregando valor, gerando emprego e renda e melhorando a qualidade de vida do nosso povo”, destacou Rogério Chucre, presidente da associação de castanheiros.
Em situação não muito diferente, a comunidade de Água Branca do Cajari, no município de Laranjal do Jari, também foi visitada pela equipe técnica que realiza o mapeamento da rota da castanha no Amapá. Na região, a cooperativa que coordena a produção do fruto já possui uma lista de prioridades para tornar a atividade mais rentável.
“Para alavancar a produção, a gente entende que a construção de uma fábrica para beneficiamento e armazenamento da produção da castanha é fundamental, pois possibilitará que a gente produza outros derivados como a amêndoa, óleo e a farofa, o que vai poder aumentar a renda dos nossos cooperados, que já são cerca de 120”, explicou Ozanei Ribeiro Pinto, presidente da Cooperativa Mista dos Trabalhadores Agroextrativistas do Alto Cajari.
O último local que recebeu a visita da comitiva foi a comunidade do Iratapuru, também em Laranjal do Jari, onde, desde 1992, a Cooperativa Mista dos Produtores e Extrativistas do Rio Iratapuru (Comaru) atua para garantir melhor qualidade de vida para os cooperados.
“Além da extração do fruto em si, inicialmente, a cooperativa surgiu para fazer o beneficiamento da castanha em biscoito, era tudo feito de forma artesanal mesmo. Mas quando surgiu a oportunidade de trabalhar com a empresa Natura, que produz cosméticos e perfumes, a gente mudou o foco para produzir o óleo da castanha. Essa parceria tem trazido muitos benefícios para a comunidade, mas, hoje, a gente também já pensa em montar outras linhas de produção”, disse Bruno Dutra de Freitas, de 35 anos, presidente da Comaru.
Durante as visitas, foram coletadas informações sobre a cadeia produtiva da castanha, desde a colheita até o produto chegar nas mãos do consumidor. De acordo com o MIDR, a realização deste trabalho de campo é essencial para a criação de um plano de ação que atenda com precisão as demandas específicas deste setor produtivo no Amapá.
“Nesta ação que fizemos junto com o Governo do Estado e outros órgãos parceiros, visitando as áreas de produção de castanha, ocorreu justamente para ver qual é a escala e o modelo organizacional de cada comunidade. Com os dados colhidos podemos elaborar estratégias que realmente ajudem a fortalecer e fomentar a cadeia da castanha no Amapá, que tem um potencial enorme de crescimento”, disse Tiago Araújo, coordenador-geral de Sistemas Produtivos e Inovadores do MIDR.
A mobilização de órgãos públicos da comitiva e dos produtores de castanha do estado foi realizada pela Secretaria de Estado da Ciência e Tecnologia (Setec), que está atuando como importante mecanismo de articulação para promover o desenvolvimento do setor castanheiro amapaense.
“Colocar frente a frente todos os atores que podem contribuir para o desenvolvimento da cadeia produtiva da castanha é uma ação estratégica que o Governo do Amapá não abre mão, pois só assim poderemos, de fato, entender como funciona e como implementar soluções técnicas, tecnológicas e inovadoras que fortaleçam este importante segmento”, explicou Marcos Marques, coordenador de Desenvolvimento Científico da Setec.
Para o Francisco Souza, de 64 anos, que trabalhou a vida inteira com a produção de castanha, ver uma verdadeira força-tarefa atuando para melhorar todo setor produtivo é algo muito positivo, principalmente, para quem tem esta atividade como principal fonte de renda.
“O nosso estado é uma referência quando o assunto é produção de castanha, mas ainda temos potencial para evoluir mais, por isso, essa iniciativa de mapear e elaborar ações que fortaleçam a cadeia produtiva é importante, pois vai ajudar não só os produtores como também promover o desenvolvimento econômico do estado”, ressaltou o castanheiro.
Após a finalização do trabalho de campo da comitiva, foi criado um comitê gestor que deverá montar e apresentar, em parceria com o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, até o dia 15 de fevereiro, uma carteira de projetos para serem implementados no Amapá.
Força-tarefa
Além da Setec e MIDR, participaram da rota da castanha, o Instituto de Extensão, Assistência e Desenvolvimento Rural do Amapá (Rurap), Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (Iepa), Secretaria Extraordinária de Representação do Governo do Amapá em Brasília (Seab), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Instituto Federal do Amapá (Ifap), Universidade Federal do Amapá (Unifap), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amapá (Fapeap), Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural (SDR) e Reserva Extrativista do Rio Cajari, além das startups Ybirá, Acmella Beauty, Amaztrace e Acaímaps.
Fonte: SETEC AP