Estudantes da UFRJ representam o Brasil na Spaceport America Cup
Uma equipe de 15 estudantes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) está representando o Brasil na Spaceport America Cup, maior competição de foguetes e satélites do mundo, que acontece de 19 a 24 deste mês, em três cidades do estado do Novo México (EUA).
Além da UFRJ, o estado do Rio também será representado pelo Grupo de Foguetes do Rio de Janeiro (GFRJ), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e estudantes das universidades Federal de Santa Catarina (UFSC), São Paulo (USP) e Brasília (UnB).
Já nos Estados Unidos com a equipe, a presidente do Grupo de Pesquisas Aeroespaciais da UFRJ, Julia Siqueira, falou para o Boletim Faperj sobre suas expectativas: “Estamos muito empolgados em poder divulgar a ciência brasileira e representar a UFRJ nessa renomada competição. Depois de anos de trabalho e dedicação ao projeto, o evento se mostra como uma oportunidade de colocar à prova habilidades, validar nosso projeto, compartilhar conhecimento e aprender com outras equipes de diversas nacionalidades”.
A competição, que envolverá 158 equipes de 24 países, é dividida em seis categorias, de acordo com o tipo de motor usado (comercial ou desenvolvido pela própria equipe) e a distância alcançada pelo foguete. As equipes Minerva Rockets e Sats (UFRJ) e GFRJ (Uerj) irão competir na categoria de foguetes com motor sólido, de desenvolvimento próprio, que chegam a três quilômetros de altura.
Como a UFRJ não tem curso de Engenharia Aeroespacial, a equipe é multidisciplinar, com estudantes de mais de 10 cursos diferentes como Engenharia, Física, Química, Biomedicina, Economia, Nanotecnologia, Astronomia, Jornalismo, Biblioteconomia, Defesa e Gestão Estratégica, Direito e do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza. O Grupo é dividido em duas equipes – Minerva Rockets e Minerva Sats.
A equipe da Minerva Rockets apresentará o foguete Aurora, de mais de 3 metros, pesando 40 kg e capacidade para alcançar três mil metros de apogeu. Os integrantes da Sats levarão o nanossatélite de experimentos astrobiológicos μBioSat. O objetivo é obter análises de como bactérias reagem à mudança de temperatura e a outras condições extremas. Complementares, as equipes trabalham de forma conjunta já que os satélites são ejetados pelos foguetes. O grupo, responsável por todas as etapas do projeto aeroespacial (concepção, construção, produção do combustível e participação em competições) é coordenado pelos professores Otto Corrêa Rotunno Filho e Alexandre Landesmann, do Programa de Engenharia Civil, e pelo professor Cláudio Miceli, do Programa de Engenharia de Sistemas de Computação, ambos da Coppe/UFRJ.
O grupo, dividido nas equipes Minerva Rockets e Minerva Sats, é multidisciplinar, com estudantes de mais de 10 cursos diferentes |
“Tendo em vista o tempo que passamos pesquisando, projetando e testando nosso projeto, acreditamos que através da apresentação no evento seremos capazes de mostrar nossa excelência técnica, fruto dessa imensa dedicação dos nossos membros, e representar bem a universidade e o Brasil em uma competição de alcance mundial”, garante a estudante da Astronomia.
O grupo de Pesquisas Aeroespaciais da UFRJ já foi contemplado em dois editais de Apoio a Equipes Discentes em Projetos de Base Tecnológica para Competições de Caráter Educacional da FAPERJ, nos anos de 2019 e 2022. “O suporte financeiro da FAPERJ possibilitou a compra de novos equipamentos e materiais para os laboratórios, permitindo o desenvolvimento de um foguete de sondagem atmosférica e os nanossatélites com tecnologias de sensoriamento remoto e experimentos astrobiológicos, sendo eles inovadores no estado do Rio de Janeiro”, conta Otto Filho.
A Minerva Rockets já havia sido aceita outras duas vezes na Spaceport America Cup, mas ambas as participações foram frustradas devido à pandemia de Covid-19.
Segundo Julia, no futuro, a equipe planeja aplicar o conhecimento adquirido na competição para a preparação de projetos ainda mais desafiadores, se mantendo ativa na participação em competições e eventos do setor aeroespacial, além de se dedicar à pesquisa e ao desenvolvimento de projetos. “A intenção é tornar a equipe e a UFRJ referência nacional e internacional. Depois do nosso retorno ao Brasil vamos manter o foco no desenvolvimento do nosso projeto de foguete de propulsão híbrida e a nossa participação na competição latino-americana Latin America Space Challenge”, explica a estudante.
A presidente da Rockets ressalta que a Fundação teve uma contribuição fundamental para viabilizar a ida da equipe aos Estados Unidos. “Além do apoio financeiro, acredito que a FAPERJ está desempenhando um papel muito importante no desenvolvimento da tecnologia e da ciência no estado do Rio de Janeiro, o que nos motiva a trabalhar cada vez mais para retribuir a confiança depositada em nós e contribuirmos para os avanços na ciência do país”, conclui Julia.
Fonte: Faperj