Inteligência Artificial é o maior perigo do mundo nos próximos dois anos
A Inteligência Artificial e o seu impacto no ser humano é um dos temas centrais do Fórum Econômico Mundial, que que acontece esta semana, em Davos, na Suíça. Durante quatro dias, cerca de 2,5 mil convidados de governos, empresas, associações e entidades não-governamentais se reunirão na pequena cidade localizada nos alpes para debater os rumos da economia global.
O levantamento mostra que pelo menos 40% dos empregos no mundo serão afetados pela inteligência artificial, sendo que em alguns países- os mais avançados economicamente esse impacto pode chegar a 60%, informou a diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva.
O relatório do FMI aponta para um agravamento das desigualdades salariais, prejudicando sobretudo a classe média. Admite que alguns empregos vão acabar, mas que outros serão criados, mas o tom não é de pessimismo. Ao contrário. “A IA pode ser assustadora, mas também pode ser uma grande oportunidade para todos. Cabe a nós usar a IA da melhor forma possível”, adicionou Kristalina Georgieva.
A exemplo do que ocorreu no ano passado, o presidente Lula não vai ao encontro. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que compareceu em 2023, também será ausência em 2024. O governo brasileiro vai estar oficialmente representado pelo presidente do STF, Luís Roberto Barroso – que será o responsável por falar sobre a Inteligência Artificial – pelas ministras do Meio Ambiente, Marina Silva, e da Saúde, Nísia Trindade, e por Alexandre Silveira, ministro das Minas e Energia.
Ação imediata
O levantamento do Fórum Econômico Mundial, feito a partir da participação de 60 economistas-chefes dos setores público e privado de todo mundo, aponta ainda que 56% dos entrevistados esperam que as condições econômicas globais gerais enfraqueçam este ano, com um alto grau de divergência regional. Enquanto a maioria prevê um crescimento moderado ou mais forte na China e nos Estados Unidos, houve um amplo consenso de que a Europa apresentará apenas um crescimento fraco ou muito fraco. Os economistas são taxativos: A Inteligência Artificial é apontada como o maior perigo para os próximos dois anos.
A pesquisa reforçou que “a relação entre informações falsas e agitação social ocupará o centro do palco” ao longo deste ano, quando as principais economias, como os EUA, a UE e a Índia, forem às urnas. Para os pesquisadores é preciso agir rápido para impedir o atraso que o mundo está vendo com relação ao embate sobre o uso da IA generativa.
A Lei Europeia de IA, acordada, em dezembro do ano passado, pelos Estados-membros da União Europeia, pontua o estudo, restringe fortemente o reconhecimento facial e o uso da IA para pontuação social com base no comportamento social ou características pessoais. “A Lei de IA da UE é a primeira lei que constrói uma ponte entre o mundo da tecnologia e a democracia”, disse Paul Nemitz, Conselheiro Principal para a Transição Digital da Comissão Europeia, na Cúpula de Políticas de IA.
Mas há outras posições relevantes. Nos EUA, há mais pressão sobre a indústria para se autorregular, face às preocupações com o impedimento da inovação. Isso pode ser visto no plano do governo dos EUA para uma declaração de direitos de IA lançada em 2022, bem como em uma recente ordem executiva presidencial sobre IA confiável, que estabelece padrões para a segurança e proteção da IA, mas não leis codificadas.
No Brasil, ainda não se tem uma posição uniforme. O tema Inteligência Artificial está em debate no Congresso Nacional – há um documento de juristas- mas o tema só será, de fato, debatido em abril. E também há a decisão do Tribunal Superior Eleitoral de buscar impedir fo uso das IA nas eleições municipais de 2024, mas ainda há muito por se discutir.
Segundo analistas, o Fórum de Davos não precisa apenas alinhar governos, mas também convencer desenvolvedores e usuários de IA, a maioria dos quais empresas privadas, de que a governança global da Inteligência Artificial é de seu interesse. O maior obstáculo é a transparência, especificamente o quanto as empresas devem revelar sobre suas fontes de dados e como desenvolvem seus modelos de IA. “A transparência deve ser uma força orientadora para a governança da IA”, completou Antoine Bosselut, que lidera sistemas de processamento de linguagem natural no Instituto Federal de Lausanne (EPFL).
Fonte: Convergência Digital