Mercado de carbono é pauta na COP26: Brasil pode gerar até US$ 100 bi - Consecti
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16 outubro 2021
Mercado de carbono é pauta na COP26: Brasil pode gerar até US$ 100 bi
O mercado de créditos de carbono é uma das pautas da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, a COP26, que acontece de 31 de outubro a 12 em novembro em Glasgow, na Escócia.
Uma projeção feita pela consultoria estratégica com foco exclusivo em sustentabilidade e mudança do clima WayCarbon indica que o Brasil pode gerar entre 493 milhões e 100 bilhões de dólares em crédito de carbono até 2030.
Essa estimativa equivaleria a 1 gigaton (1 bilhão de toneladas de CO2 equivalentes) ao longo da próxima década para os setores de agro, floresta e energia.
Hoje, diz a WayCarbon, há um registro acumulado de mais de 14.500 projetos de crédito de carbono ao redor do globo, que corresponderam à geração de quase 4 gigatons de tCO2 de créditos até 2020.https://4407012711f0a6747d849f1904720418.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
“As oportunidades potenciais de geração de crédito de carbono, identificadas pelo estudo, apontam reduções de gases de efeito estufa extremamente relevantes, além de inúmeros benefícios socioeconômicos e oportunidades de alavancagem na cadeia produtiva”, diz Laura Albuquerque, gerente de finanças sustentáveis da WayCarbon.
O que é o crédito de carbono
O crédito de carbono é um instrumento econômico que visa a diminuição dos gases de efeito estufa, que provocam o agravamento das mudanças climáticas.
Esses créditos fazem parte de um mecanismo de flexibilização, que auxilia países e empresas que possuem metas de redução de emissão de gases de efeito estufa a alcançá-las de forma mais custo efetiva.
A cada tonelada reduzida ou não emitida desses gases, gera-se um crédito de carbono. Assim, quando um país ou empresa consegue reduzir a emissão, a depender das metodologias envolvidas, ele recebe um crédito.
O estudo da WayCarbon, feito junto com o ICC Brasil, braço local da Câmera Internacional de Comércio, aponta que, na próxima década, o Brasil tem potencial para suprir de 5% a 37,5% da demanda global do mercado voluntário e de 2% a 22% da demanda global do mercado regulado no âmbito da ONU.
Há, portanto, oportunidade de atuação nos mercados de carbono globais, com destaque para os setores agropecuário, florestal e energético.
Em nota, a WayCarbon comenta que “entende-se que há um caminho a ser percorrido pelo governo brasileiro e pelo setor privado a fim de destravar e alavancar tais oportunidades de geração de receita, renda, saúde e bem-estar social”.
O estudo traz mais de dez recomendações essenciais, mas há dois passos que são chave.
O primeiro é entender os mercados de carbono como potencial de destravar oportunidades financeiras para planos de recuperação econômica e aceleração do crescimento sustentável da economia brasileira e, o segundo, desenvolver sistemas de monitoramento, relato, verificação e redução de emissões robustos que abarquem todos os setores produtivos da Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) brasileira.
Setor agropecuário
Potencial de geração de crédito de carbono: entre 10 e 90 milhões tCO2e (até 9 bilhões de dólares em cenário otimista).
Focos de investimentos: sistemas integrados de lavoura e pecuária (ILP), e lavoura, pecuária e florestas (ILPF), agricultura de baixo carbono (ABC), com foco principal em fixação do nitrogênio e plantio direto. Intensificação da pecuária bovina de corte, que inclui recuperação de pastagens degradadas, a adubação de pastagens extensivas e o confinamento.
Cobenefícios socioambientais: redução da pressão sobre o desmatamento, melhoria da qualidade das condições de trabalho e contribuição para a segurança alimentar.
Oportunidades para a cadeia produtiva: novas fontes de renda para os produtores rurais, recuperação do potencial produtivo em áreas degradadas, garantia da competitividade entre os principais fornecedores agrícolas internacionais e fortalecimento de pequenos produtores.
Setor de florestas
Potencial de geração de crédito de carbono: entre 71 e 660 milhões tCO2e (até 66 bilhões de dólares em cenário otimista)
Focos de investimentos: reflorestamento, manejo e restauração florestal sustentável.
Cobenefícios socioambientais: diminuição das erosões, manutenção na biodiversidade local, aprimoramento da qualidade e disponibilidade hídrica, efeitos positivos à saúde humana com a redução de desmatamento e queimadas.
Oportunidades para a cadeia produtiva: geração de aproximadamente 7 milhões de empregos no Brasil
Setor de energia
Potencial de geração de crédito de carbono: entre 27 e 250 milhões tCO2e (até 25 bilhões de dólares em cenário otimista)
Focos de investimentos: turbinas hidrocinéticas, repotenciação das hidrelétricas, eólicas offshore, usina solar flutuante, cogeração, etanol de segunda geração, biocombustíveis avançados e hidrogênio verde.
Cobenefícios socioambientais: segurança energética e geração de empregos e de renda.
Oportunidades para a cadeia produtiva: quase 839.000 novos empregos com a geração de biocombustíveis, 166.000 com a geração de energia solar e 498.000 por ano para a geração de energia eólica.
Apoiaram a WayCarbon a fazer os cálculos de geração de receita com crédito de carbono no Brasil as seguintes empresas: Suzano, Microsoft, Shell, Natura, Bayer e BP.
Fonte: Portal Exame em 21/10/2021
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