ASSIS, inteligência artificial do TJRJ, produz por 1,5 mil magistrados
O Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro lançou o ASSIS, solução de inteligência artificial generativa para a construção de minutas de sentenças, decisões e relatórios, que também responde a qualquer pergunta sobre os processos judicias analisados.
O TJRJ considera que a implementação teve sucesso diante das 30 solicitações para celebração de acordos de cooperação técnica, incluindo o Conselho Nacional de Justiça, tribunais estaduais, federais, eleitorais, trabalhistas e superiores, bem como por Ministérios Públicos, Defensorias Públicas, e Procuradorias Estaduais.
“Estamos dando um passo tecnológico sem precedentes no Rio de Janeiro. Investimentos maciços em tecnologia foram uma das minhas duas principais estratégias de gestão, para aumentarmos nossa produtividade e oferecermos excelência no atendimento à sociedade”, disse o presidente do TJRJ, desembargador Ricardo Rodrigues Cardozo.
Para Fernando Bandeira de Mello Filho, do Conselho Nacional de Justiça, “o Assis representa o estado da arte do uso da IA generativa nos tribunais. Seu desenvolvimento seguiu os cuidados que vêm sendo recomendados pelo CNJ quanto à proteção de dados e à necessidade da interação pessoal do magistrado para a elaboração de cada minuta, assegurando que os casos serão julgados por um juiz e não por um robô, que apenas minutará um texto a partir das instruções e das decisões anteriores do magistrado”.
Segundo o juiz auxiliar da presidência Alberto Republicano, responsável pela pasta de Tecnologia da Informação do TJRJ, a inovação traz impacto direto na produtividade dos magistrados.
O ASSIS usa o modelo de linguagem GPT-4 omni aplicado em camadas sobrepostas, aliado a outras tecnologias de computação em nuvem. As bases de dados que informam o modelo de IA são individuais, e construídas em cima dos próprios arquivos de decisões e relatórios dos usuários.
Segundo Daniel Haab, Secretário-Geral de Tecnologia da Informação do TJRJ, “a ferramenta aprende e replica o estilo gramatical, decisório, estilístico e de interpretação legal de cada juiz, para que se vejam refletidos nas minutas propostas como se eles mesmos as tivessem redigido, o que aumenta muito a receptividade para sua adoção, como também a eficiência no julgamento dos processos.”
O TJRJ projeta que, caso o ASSIS economize apenas duas horas diárias daqueles integrantes do PJERJ responsáveis por construir decisões diretamente (magistrados) ou propor seus conteúdos (assessores de desembargador e secretários de juiz), serão 2.916.000 horas de trabalho por ano, o equivalente ao acréscimo produtivo de mais 1.506 desembargadores, juízes, assessores e secretários reforçando a elaboração de textos decisórios.
O custo médio de operação do ASSIS é detalhadamente calculado por uma equipe própria, com previsão atual de R$ 5 por processo, incluindo relatório, fundamentação, dispositivo e 3 perguntas livres. Para o TJRJ, “o valor é considerado competitivo frente às vantagens proporcionadas, como o aumento da eficiência e a redução de custos proporcionais e tempo de trabalho, sempre tendo em consideração a sustentabilidade e a responsabilidade financeira no uso de tecnologias avançadas de custo expressivo”.
“Na fase de protótipo, pagávamos R$27 por processo, e avançamos muito nessa frente. O time dedicado à arquitetura de custos do Assis segue trabalhando para reduzir seu valor de uso cada vez mais, ao mesmo tempo em que aumentamos a performance e a precisão dos resultados. Os custos atuais de inteligência artificial já mostram a viabilidade da tecnologia e são reduzidos a cada modelo lançado, assim como há alguns anos o custo para o uso de nuvem era muito elevado, e hoje já está muito menor”, afirmou Thomaz Gaio Soriano, assessor da Assessoria de Inteligência Artificial da SGTEC (Assia).
Fonte: Convergência Digital