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Maysa Furlan toma posse como primeira reitora da história da Unesp - Consecti

Maysa Furlan toma posse como primeira reitora da história da Unesp - Consecti

Giro nos estados
20 janeiro 2025

Maysa Furlan toma posse como primeira reitora da história da Unesp

Uma gestão séria e compartilhada com a comunidade universitária que a legitimou, com respeito às diferenças, responsabilidade social e, sobretudo, carregada de um sentimento em especial: esperança. A cerimônia de posse da reitora Maysa Furlan, primeira mulher a assumir a função na história da Unesp, e do vice-reitor Cesar Martins, realizada nesta quarta-feira, em São Paulo, foi marcada por discursos que defenderam a autonomia universitária, a proximidade da universidade com as soluções dos problemas enfrentados pela sociedade e a busca pela manutenção de parcerias. Maysa e Cesar estarão à frente da Reitoria no próximo quadriênio (2025-2028).

Química e docente titular do Instituto de Química do campus de Araraquara da Unesp, Maysa Furlan é a 15ª pessoa a ocupar a função de reitor(a) da universidade. Natural de Mirassol, no interior paulista, a professora iniciou sua trajetória acadêmica na graduação da própria Unesp, em 1978, em Araraquara. Fez mestrado e doutorado na USP e, depois de concluída a pós-graduação, voltou para seu berço acadêmico em 1987, como docente, iniciando o percurso que culminou no ato desta quarta. Maysa substituiu  reitor Pasqual Barretti.

“Temos que avançar no conhecimento e encontrar soluções para atrair os jovens para a universidade. Para tanto, é fundamental a continuidade de investimento financeiro para o almejado desenvolvimento da nossa sociedade”, afirmou a nova reitora da Unesp em seu primeiro discurso. “Nessa perspectiva, destaco o compromisso do governo do estado de São Paulo na manutenção do orçamento das três universidades”, disse.

Maysa Furlan já sinalizou que pretende, no início de sua gestão, criar uma nova pró-reitoria, que vai englobar assuntos relacionados à equidade, diversidade, permanência estudantil, entre outros. “Responder a esse momento único em que a sociedade do Século 21 se debruça é mostrar que a diversidade e a acessibilidade devem estar representadas em todos os segmentos e atividades e (isso) é fundamental para todos nós unespianos”, afirmou.

A gestão liderada por Maysa Furlan e Cesar Martins consolidará uma sequência inédita de três reitores consecutivos graduados na própria Unesp, formada como tal em 1976 após a reunião de institutos isolados de ensino superior distribuídos pelo interior paulista. Ela vai liderar a Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, na maturidade simbólica da instituição demarcada pelo 50º aniversário, que ocorrerá em janeiro do ano que vem. Por convenção, ao completar 50 anos, uma universidade deixa de ser considerada “jovem” para fins de classificação nos rankings universitários.

“Que a nossa Unesp leve conhecimento e formação de qualidade e facilite a assistência a serviços, assim como o acesso a bens de arte e cultura”, discursou o novo vice-reitor Cesar Martins, biólogo e docente do Instituto de Biociências do câmpus de Botucatu (IBB). “Para tanto, entendo que temos dois desafios principais: adequar o nosso ensino e toda ação acadêmica ao novo mundo que está posto, um mundo transformado, da conectividade rápida, das tecnologias, da inteligência artificial, das mudanças nas relações sociais, mudança nas profissões e nos ambientes de trabalho”, destacou.

Natural de Terra Roxa, interior do Paraná, o vice-reitor Cesar Martins viveu a infância na zona rural e em seu discurso agradeceu aos pais por valorizarem a educação formal, citando as escolas pelas quais passou no ensino básico. No ensino superior, graduou-se em Ciências Biológicas na Universidade Estadual de Londrina e fez mestrado e doutorado na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Já como docente na Unesp, foi diretor do Instituto de Biociências do campus de Botucatu (IBB) e diretor-presidente da Fundação do Instituto de Biociências (FundBio).

Marco civilizatório

A cerimônia de posse da nova Reitoria da Unesp foi realizada entre a tarde e a noite do dia 15 de janeiro, no auditório Simón Bolívar, do Memorial da América Latina, e contou com discursos dos professores Carlos Magno Fortaleza, que representou o Conselho Universitário da Unesp, e José Paes de Almeida Nogueira Pinto, cuja fala homenageou o reitor cessante Pasqual Barretti. “Nísia Floresta (pseudônimo de uma escritora do Século 19) dizia que o grau de civilização de um país se mede pelo lugar que a mulher ocupa na sociedade. Então estamos aqui diante de um marco civilizatório”, destacou o professor  Fortaleza. “Maysa e Cesar, com vocês está a nossa esperança”, afirmou.

“Somos hoje uma instituição sólida e arejada, possuidora de amplas janelas que, abertas, descortinam um imenso horizonte. Que esse horizonte seja repleto de realizações e compromissado com a educação, a ciência, a justiça social, a democracia e com o país soberano e independente. Os desafios serão imensos, mas creio que um dos principais será o de mostrar aos nossos jovens alunos que existe vida além das chamadas redes sociais, que não podemos nos tornar reféns de algoritmos e discursos de ódio”, discursou o professor Nogueira Pinto, para quem a geração dos jovens estudantes dos anos 1970, da qual fazem parte Barretti e a nova reitora, cumpriu, entre erros e acertos, o seu papel histórico.

A solenidade reuniu cerca de mil convidados, entre os quais os secretários estaduais dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Marcos da Costa, e de Ciência, Tecnologia e Inovação de São Paulo, Vahan Agopyan, que representou o governador Tarcísio de Freitas e fez questão de lembrar da memória do jornalista Júlio de Mesquita Filho, um dos intelectuais que contribuíram para o surgimento da USP nos anos 1930 e que deu nome à Unesp em 1976. Vahan lembrou que o jornalista contribuiu para “criar o conceito moderno de universidade dentro do Brasil, em que o ensino é oferecido no ambiente de pesquisa”.

“Júlio de Mesquita Filho foi um dos forjadores da universidade moderna no Brasil e tinha uma visão muito avançada do mundo”, disse Vahan Agopyan, que elogiou a abrangência territorial da Unesp. “Toda região que tem um campus da Unesp é um locus de desenvolvimento, de pesquisa, de inovação”.

Homenagem

Antes da cerimônia, foi respeitado um minuto de silêncio em memória do reitor Paulo Landim, que liderou a Unesp de 1989 a 1993, e faleceu no último dia 14, véspera da cerimônia. Landim foi lembrado algumas vezes durante as falas da solenidade, que contou com a participação da Orquestra Acadêmica da Unesp e do Coral Madrigal. Em um discurso de despedida da reitoria, no qual fez uma série de agradecimentos, Barretti relembrou o legado de sua gestão, que segundo ele tinha como objetivo trabalhar pela reconstrução da universidade e pelo “restabelecimento da esperança” entre os integrantes da comunidade universitária.

“O estranho adoecimento organizacional foi sanado. Vivemos em um ambiente plural e democrático, de expressão livre e de confiança. Usando a linguagem médica, continuemos nesta gestão a prescrever doses altas de confiança, autonomia, participação, solidariedade e esperança. Vamos amputar o discurso reativo e de ódio, ainda presentes na nossa sociedade. Vamos exaltar a nossa excelência acadêmica, nosso compromisso com a universidade pública, plural, laica, inclusiva e democrática”, disse Barreti.

Fonte: SECTI SP