Ciência acessível e didática: estudantes da Paraíba mostram talentos na I Feira de Ciências dos Municípios
Astronomia, mecânica, robótica e até literatura, os estudantes apresentaram um pouco de tudo durante a I Feira de Ciências dos Municípios da Paraíba. Foram 15 cidades que através da educação mostraram que é possível divulgar e popularizar a ciência de maneira simples e didática.
Realizada pelo Governo do Estado, através da Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior da Paraíba (Secties), a primeira fase aconteceu do dia 18 a 22 de novembro, nos municípios da Baía da Traição; Camalaú; Coremas; Dona Inês; Gurinhém; Ingá; Livramento; Manaíra; Marcação; Mataraca; Nova Palmeira; São João do Tigre; Santa Luzia; Serra Redonda e Tavares. De 110 projetos apresentados, 52 foram selecionados para a etapa estadual, prevista para acontecer no dia 11 de dezembro, em João Pessoa.
Durante a etapa municipal, os estudantes do ensino médio da Rede Estadual apresentaram o resultado do desenvolvimento dos projetos pensados ao longo do ano, com temas envolvendo inclusão, saúde, acessibilidade, sustentabilidade, meio ambiente, além de promover discussões relevantes sobre o combate ao racismo, a valorização dos povos tradicionais e a igualdade de gênero.
A coordenadora-geral da I Fecim, Amana Fagundes, destacou como cada cidade abordou temas científicos alinhados com suas realidades locais e que a etapa municipal da feira de ciências revelou que cada município possui sua própria complexidade, gerando questionamentos científicos. “Municípios em regiões com pouca chuva, clima semiárido e vegetação de caatinga buscam formas de mitigar os efeitos das mudanças climáticas e de fornecer água tratada para a população. Outros municípios se concentraram em energias renováveis e na reciclagem de lixo para reduzir o impacto ambiental. Municípios com pouca distribuição de renda e acesso limitado ao desenvolvimento tecnológico direcionaram seus projetos para esses debates”, comentou.
A ciência foi a protagonista para trazer todos esses assuntos para a população. “Um consenso prevaleceu em todas as feiras: a pesquisa científica deve servir à população e ao desenvolvimento regional, promovendo um consumo consciente e sustentável dos recursos naturais disponíveis. Além disso, o respeito às culturas indígenas e quilombolas como preservadoras da natureza, bem como o resgate das tradições desses grupos para a utilização de seus conhecimentos em contextos científicos, estiveram presentes nas pesquisas. A diversidade e a tolerância entre grupos sociais vinculados à proteção do meio ambiente eram visíveis”, apontou Amana Fagundes.
A Secties participou diretamente do evento através de um circuito de visitação da feira em cada município para acompanhar os projetos. De acordo com o professor da UFPB, professor Rivete Lima, que participou do circuito, a feira tem um papel fundamental de fazer a divulgação científica. “Ela permite que escolas e, principalmente nossos jovens, possam levar o que aprenderam na sala de aula ao longo do ano científico, além de conhecer um pouco sobre o que é ciência e o que é metodologia científica”.
Ao todo, 550 professores e estudantes submeteram projetos no edital e cerca de 4 mil pessoas participaram. A gestora da Escola Cidadã Integral Técnica (ECIT) Dom Adauto, em Serra Redonda, Cristiane Aparecida, comentou sobre como foi o processo de acompanhar a evolução dos estudantes na elaboração dos projetos. Segundo ela, foi um aprendizado que eles levarão para toda a vida acadêmica. “A Fecim mudou e contribuiu muito para a vida acadêmica deles. Essa é a nossa primeira experiência e foi fantástico vê-los se dedicando à pesquisa e evoluindo”, comentou.
Inovação e Inclusão
Estudantes do primeiro ano do ensino médio da Escola Cidadã Integral Pedro Bezerra Filho, em Camalaú, decidiram falar sobre acessibilidade por meio do projeto: “Liberdade sobre rodas: uma tecnologia assistiva a serviço da mobilidade dos cadeirantes”. Eles conquistaram o primeiro e agora irão concorrer na etapa estadual.
Os alunos construíram uma bicicleta adaptada para cadeirantes, pensando na inclusão e acessibilidade das Pessoas Com Deficiência (PCD). Maria Emília Chaves, uma das integrantes da equipe, explicou que a ideia surgiu a partir da necessidade de um dos professores da escola.
“Nós tínhamos uma outra ideia de projeto, mas conversando com o nosso professor, que tem deficiência nos membros superiores, vimos a necessidade de acessibilidade dessas pessoas, então a gente decidiu olhar para a realidade dessas pessoas da nossa sociedade, né? O quanto é ruim a locomoção delas, então decidimos promover uma melhoria através dessa bicicleta adaptada”, contou Maria, estudante de 17 anos.
Já os estudantes da Escola Cidadã Integral João Ribeiro, em Gurinhém, tiveram a ideia de valorizar a cultura africana. Eles contaram que se inspiraram no tema da redação do Enem e decidiram elaborar jogos africanos para fazê-los mais conhecidos. “Esse trabalho mostra para as pessoas que é possível estudar matemática com a cultura africana, além de ensinar sobre as nossas origens, muita gente no Brasil não sabe sobre as nossas raízes africanas”, contou Lucas Nascimento, estudante do 2º ano do Ensino Médio.
A professora orientadora do grupo, Bruna Alves, explicou que sempre teve o desejo de trabalhar com a herança cultural, mas só agora, através da FECIM, ela conseguiu unir a matéria de matemática com a história e estimular os alunos com a elaboração dos jogos.
“Eles gostaram de jogar, de aprender, porque realmente, se você parar para analisar, todo mundo conhece o jogo da velha, todo mundo conhece o jogo da dama. Mas não conhecem os jogos africanos, que também relacionam as mesmas estratégias desses outros jogos mais conhecidos. Foi sensacional, utilizou bastante a matemática. Foi um processo maravilhoso acompanhar os meus alunos e ver a evolução deles”, contou a educadora.
Etapa estadual – Na segunda etapa, cinco projetos serão premiados, divididos nas seguintes categorias: 1° lugar do 1º ano do ensino médio; 1° lugar do 2º ano do ensino médio; 1° lugar do 3º ano do ensino médio; 2° lugar geral (independente do ano letivo); 3° lugar geral (independente do ano letivo).
Além de receber certificado e uma medalha, os estudantes terão bolsa de Iniciação Científica Júnior (ICJ) por quatro meses para desenvolver seus projetos, com acompanhamento de um graduando que também receberá bolsa para participar.
Sobre a FECIM
A Feira de Ciências nos Municípios é realizada com recursos oriundos da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior do Estado da Paraíba (Secties), através da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (Fapesq), e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), por meio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
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Fonte: Secties-PB