Ninguém fará inovação na saúde sozinho
Ninguém promoverá a revolução digital na saúde sozinho. Somente ao unir esforços e compartilhar conhecimentos os players do setor conseguirão fazer uso da tecnologia para melhorar a vida das pessoas, democratizar a saúde ou oferecer melhor atendimento a pacientes. Esta é a conclusão a que chegaram especialistas em tecnologia e saúde reunidos no painel “Tudo junto e misturado: 5G, IA e automação na área da saúde”, realizado neste primeiro dia de Futurecom 2023.
O painel reuniu representantes da área da saúde, de hospitais públicos e privados, laboratório farmacêutico e de fornecedores de tecnologia. Em comum, as organizações trabalham para empregar a conectividade em favor de seus negócios e, principalmente, da vida de seus pacientes.
Marcelo Ruiz, gerente de departamento da BeOn, da Embratel, lembrou que as possibilidades da tecnologia na saúde são infinitas – vão de cirurgias robóticas e dispositivos vestíveis –, mas só podem ser exploradas se houver conectividade e interoperabilidade. “O 5G vai elevar a saúde a um novo nível. Ela pode ser reimaginada a partir do trabalho conjunto entre os players”, afirma, acrescentando que, sem dúvidas, a tecnologia será responsável por aumentar ainda mais a expectativa de vida das pessoas.
O 5G e a cooperação, à propósito, são responsáveis por projetos inovadores que vêm ajudando a melhorar e, inclusive, salvar vidas Brasil afora. Bruno Kunzler, gerente de dados IA no Inova HC, núcleo de inovação tecnológica do Hospital das Clínicas, por exemplo, citou um projeto realizado em conjunto com a NEC para levar, por meio da tecnologia 5G, exames de ultrassom a comunidades indígenas na Amazônia. “Através do 5G, a informação dos exames realizados em localidades ainda desconectadas chega ao radiologista em São Paulo, que analisa e auxilia a enfermeira a distância”, explica.
Na Beneficência Portuguesa, a conectividade é também meio para capacitação e compartilhamento de conhecimento entre médicos de UTIs em diferentes hospitais. “O Brasil é um país com muita desigualdade. A tecnologia, neste caso, funciona como viabilizador de uma saúde mais democrática ao permitir que especialistas em uma instituição atendam em conjunto com médicos em outras UTIs”, avalia Lilian Hoffman, diretora executiva de Tecnologia e Inovação da Beneficência Portuguesa.
Em outro projeto, este do Sírio Libanês, o 5G é utilizado para viabilizar o projeto de ambulância conectada. “Todos os dados do paciente já são enviados ao pronto atendimento de dento da ambulância. É como se a triagem fosse feita dentro da ambulância, e o paciente já é recebido por profissionais em posse de suas informações”, explica Diego Aristides, superintendente de Transformação Digital do Sírio Libanês. “É a conectividade para melhorar a qualidade do atendimento e até salvar mais vidas.”
Carlos Martins, presidente da Roche Diagnóstica, afirma que a quantidade de tecnologia existente é imensa e que o momento é de integrá-las ao invés de seguir desenvolvendo. “Quanto mais dados temos, maior a urgência de conversar e entender como integrar tudo isso em prol do paciente. A agenda puramente de negócio e de curto prazo freia o desenvolvimento mais acelerado”, analisa. “A integração passa por indústria, hospitais, governo. Todos deveriam sentar-se à mesa para entender o que podem fazer juntos.”
Leandro Galante, diretor de 5G e Mobile da NEC para a América Latina, engrossa o coro: “Não adianta ter só a tecnologia. É preciso capacitar os médicos a compreenderem que a tecnologia não é competição, mas uma forma de fazerem melhor o seu trabalho. É preciso acabar com a rivalidade e trabalhar em conjunto por um benefício da sociedade.”
Eric Szymul, diretor de vendas para as Américas da Tecnotree, prefere falar em integração, ao invés de conectividade. “Os hospitais têm um imenso volume de dados, as operadoras possuem informações sobre seus clientes. Hoje fazemos [a Tecnotree] a integração dos perfis dos usuários, consolidamos os dados de história clínica do paciente com os seus hábitos de uso nas operadoras de celular”, conta. “É possível integrar os dados e aplicar IA para consolidar os dados do hospital, do fornecedor de conectividade e do governo para levar melhores serviços de saúde às pessoas”, finaliza.
Fonte: Convergência Digital